Serviço de meteorologia alerta que a província leste é a zona de maior risco de segurança alimentar.


O ponto focal da previsão climática e sazonal do Instituto Nacional de Meteorologia da Guiné-Bissau, Cherno Luís Mendes, apontou as regiões do Leste do país e a região de Oio como zonas de maiores riscos e de insegurança alimentar porque nessas localidades, chove tarde e termina prematuramente e também porque as bolanhas da zona leste são arenosas e secam rapidamente.


Em entrevista ao jornal O Democrata para falar dos resultados da previsão sazonal e das consequências ou impactos que as chuvas torrenciais que têm caído podem ter nas atividades agrícolas dos camponeses, Cherno Luís Mendes disse que aquilo estava previsto. Depois do regresso da equipa técnica nacional do Fórum da previsão sazonal da África Ocidental, incluindo Chad, manteve-se e a precipitação vai continuar a ser normal, porque “não se apresentaram outros sinais de categorias que pudessem alterar a previsão inicial, para que se pudesse avaliar se iria ou não haver alterações”.


Disse que se não houver uma categoria para permitir situar se a precipitação vai estar abaixo ou acima do normal, presume-se que a média climatológica será normal.


Cherno Luís Mendes esclareceu que a chuva que tem caído é aleatória e lembrou que, em algumas zonas do país, regista-se uma seca e nas zonas em que tem chovido com alguma regularidade, nem sempre foi consecutivo.


“Em 2020, no mesmo período, a situação era bem mais complicada, porque não havia camponeses nas bolanhas. Portanto, a precipitação está normal este ano”, afirmou.


METEOROLOGIA EM DIFICULDADES PARA COLOCAR EQUIPAS NO TERRENOS E RECOLHER INFORMAÇÕES


Interpelado sobre os trabalhos realizados por técnicos no terreno,Cherno Luís Mendes admitiu que a Meteorologia da Guiné-Bissau carece de dados, porque até ao momento a missão de GTP – a missão que vai ao terreno em cada final do mês para recolher dados e informações e divulgar o boletim informativo meteorológico não conseguiu descer ainda ao terreno este ano, quase meio período das chuvas esgotado.


Sublinhou que o que a Meteorologia faz ultrapassa o valor de uma receita, porque “salva vidas das pessoas e os seus bens”, destacando que é preciso equipar essa instituição em função das estações que o país tem e os poços pluviométricos que medem as chuvas.


“Quanto mais poços pluviométricos, mais fiabilidade de informações vamos ter, porque a repartição da chuva não é igual em todo o território nacional. É verdade que as estações requerem muito dinheiro e muito investimento, mas o governo deve trabalhar neste sentido para equipar a Meteorologia”, desafiou.


O ponto focal da previsão climática e sazonal do Instituto Nacional da Meteorologia revelou que a Meteorologia está à espera de um projeto de alerta rápido que deveria ter começado em 2012, financiado pelo Fundo Verde das Nações Unidades sobre o ambiente.


“Temos toda a documentação e o projeto foi validado pelo Fundo Verde, mas neste momento não sabemos como está”, lamentou e desafiou o novo governo a acionar os mecanismos junto da pessoa responsável pelo projeto, no PNUD, para ver como se pode reativar o processo e desobstaculizar todos os estrangulamentos, por ser a única alavanca para a Meteorologia.


“A maior parte dos técnicos já está em idade de reforma. Precisamos de jovens quadros com formação nessa área para dar sustentabilidade aos serviços meteorológicos. A Meteorologia não tem dinheiro para suportar a formação de quatro ou cinco técnicos, apenas com apoio de parceiros e mediante projetos. Com a implementação deste projeto, poderemos financiar a formação de novos quadros, beneficiar de novos equipamentos e instalar as estações em todo o território, bem como outros benefícios que podemos tirar do projeto”, indicou.


Cherno Luís Mendes disse desconhecer as razões por que o projeto não está a ser implementado até ao momento e criticou os sucessivos governos de pouco ou nada terem feito para melhorar a situação da Meteorologia da Guiné-Bissau, porque “dão maior atenção às instituições que geram receitas”.


“Não somos uma instituição que gera muito dinheiro, mas o trabalho que fazemos tem mais importância do que dinheiro que as outras geram. Salvamos vidas e bens e alertamos sobre perigos que os cidadãos correm ou podem estar sujeitos”, disse.  


Fonte: Jornal O Democrata

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