PRESIDENTE DO PARLAMENTO DE CABO VERDE PEDE MENOS INGERÊNCIA NOS ASSUNTOS DE BISSAU

 


O presidente da Assembleia Nacional cabo-verdiana, Austelino Correia, disse hoje que o estágio da democracia na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) "é bastante aceitável" e pediu menos ingerência nos assuntos internos da Guiné-Bissau.


Numa declaração à lusa à margem da 13.ª Sessão Ordinária da Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (AP-CPLP), que terminou, na terça-feira, em Maputo, Austelino Correia disse que não há razões de queixa se comparar com o que se passa em alguns países, sobretudo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), onde há golpes de Estado.


Nos países da CPLP, o estágio atual da democracia "é bastante aceitável", mas avisou que há sinais que preocupam.

"Ao nível da CPLP nós não temos tido esses problemas de (golpes de Estado), mas tem havido sinais que exigem de nós alguma preocupação, prudência e cautela", alertou, chamando atenção para a situação atual da Guiné-Bissau.


O presidente do parlamento de Cabo Verde disse que a CPLP está preocupada com a dissolução da assembleia da Guiné-Bissau, mas pediu aos Estados da comunidade para "não se imiscuirem nos assuntos internos de outros Estados membros".


"Isso é fundamental. Quem em primeiro lugar deve tentar resolver os problemas internos devem ser os atores políticos dos respetivos países, entretanto, nós, como comunidade, auscultamos, aconselhamos, sugerimos e encorajamos no sentido em que as coisas entrem no eixo", sublinhou Austelino Correia, apelando para que se "restabeleça a normalidade democrática" naquele país.


O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, decidiu, em 04 de dezembro, dissolver o parlamento, na sequência dos confrontos entre forças de segurança, que considerou tratar-se de um golpe de Estado.


Sissoco Embaló considerou de "um golpe de Estado" o facto de a Guarda Nacional ter retirado o ministro das Finanças, Suleimane Seide, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, das celas da Polícia Judiciária.


Na sequência deste ato, geraram-se confrontos armados entre a Guarda Nacional e o batalhão da Presidência, que foram resolvidos com a intervenção da Polícia Militar e que resultou na detenção do comandante da Guarda Nacional, Vitor Tchongo.


A situação política na Guiné-Bissau alterou-se desde então, tendo Umaro Sissoco Embaló marcado este mês as eleições legislativas antecipadas para 24 de novembro e numa altura em que a maioria dos partidos com assentos no parlamento continuam a exigir a realização das eleições presidenciais ainda neste ano 2024.


Por: Lusa

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