DIRIGENTE DO PAIGC PROPÕE AO PR SISSOCO O ADIAMENTO DAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS AGENDADAS PARA NOVEMBRO

 


O dirigente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), João Bernardo Vieira, propôs ao Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, o adiamento das Eleições Legislativas marcadas para 24 de novembro de 2024.


Numa carta enviada ao chefe de Estado esta sexta-feira, 18 de outubro, o antigo porta-voz do PAIGC argumentou que as próximas eleições terão “provavelmente” lugar, numa altura em que o país atravessa um momento bastante conturbado, aliado a uma divisão política e social, incluindo no seio das instituições do Estado que têm um papel importante no processo eleitoral, nomeadamente a Comissão Nacional de Eleições e o Supremo Tribunal de Justiça, mas também no seio dos principais partidos políticos.


Adiantou que esse quadro político não se afigura promissor de um processo eleitoral isento de contestações, o que poderá agravar ainda mais a situação política e criar maior instabilidade para a Guiné-Bissau.


Por isso, João Bernardo Vieira propõe ao Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, o aditamento das eleições legislativas e desse modo, abrir um processo de diálogo nacional com todos os atores políticos e a sociedade civil com vista a criar um clima propício e conducente à realização de eleições transparentes, livres e justas e onde todos os atores políticos poderão participar.


“Apraz-me informar-lhe, que assumi, juntamente com outros guineenses, uma iniciativa de Paz e Reconciliação Nacional, o qual convido-o a abraçar, como instrumento que nos permitirá expurgar os males que põem em causa o nosso entendimento nacional e consequente desenvolvimento socioeconómico” lê-se na carta, argumentando que a motivação subjacente a Agenda de Paz e Reconciliação Nacional consubstancia-se na promoção de um diálogo franco, inclusivo e abrangente entre os guineenses.


“Nutro profunda convicção de que todos os atores políticos almejam o bem-estar socioeconómico da Guiné-Bissau, sendo certo que todas as divergências são passíveis de serem ultrapassadas em torno de uma mesa, sem necessidade de se extremarem as posições” insistiu, afirmando que a dinâmica democrática ao longo das três décadas de abertura política demonstrou que as eleições têm permitido cumprir a exigência constitucional de alternância democrática do poder, mas não têm resolvido os problemas de fundo que o país enfrenta. 


Para o político, o apelo lançado, através desse ambicioso projeto de Reconciliação Nacional, visa não só criar um largo consenso nacional antes das eleições, mas sobretudo a possibilidade de gerar pela primeira vez um clima de entendimento mínimo entre todos os atores políticos.


“Acredito ser possível o reencontro dos guineenses em torno de uma paz duradoura e construtiva” concluiu João Bernardo Vieira. 


Fonte: Jornal O Democráta

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