Gana dispensa requisitos de visto para visitantes africanos



Gana junta-se ao Ruanda, Seicheles, Gâmbia e Benim na oferta de entrada sem visto para viajantes africanos.

O presidente cessante de Gana, Nana Akufo-Addo, anunciou na sexta-feira a isenção de visto para todos os portadores de passaporte africano a partir do início deste ano, marcando um passo em direção à integração económica continental.


O anúncio foi feito durante o seu último discurso sobre o estado da nação, enquanto se prepara para deixar o cargo a 6 de janeiro, após dois mandatos.


"Tenho orgulho em ter aprovado viagens sem visto para Gana para todos os portadores de passaporte africano, com efeito a partir do início deste ano", disse Akufo-Addo no seu discurso ao parlamento.


Até agora, Gana permitia acesso sem visto a cidadãos de 26 países africanos e disponibilizava vistos à chegada para viajantes de outros 25 países, enquanto apenas dois países africanos — Eritreia e Marrocos — exigiam um visto prévio.


Ano do Retorno


A política de isenção de visto baseia-se nos esforços de Gana para fortalecer a sua reputação internacional, sobretudo através de iniciativas como o Ano do Retorno de 2019, que celebrou a diáspora africana e assinalou os 400 anos do comércio transatlântico de escravos.


A campanha atraiu milhares de visitantes, incluindo celebridades, e levou alguns a receberem a cidadania ganesa, reforçando o perfil global do país como um centro cultural e turístico.


Akufo-Addo aproveitou também o seu último discurso para destacar os progressos económicos alcançados durante o seu mandato, referindo um aumento nas reservas internacionais brutas de Gana para 8 mil milhões de dólares, face aos 6,2 mil milhões de dólares registados em 2017, e um crescimento significativo do PIB em 2024.


"O crescimento económico regressou à trajetória pré-Covid", afirmou, projetando uma taxa de crescimento de 6,3% para 2025.


"Deixo um Gana próspero, que enfrentou desafios globais significativos com notável resiliência, cuja economia está a recuperar de forma constante e cujas instituições estão a operar de forma eficaz", acrescentou.


"Este é o próximo passo lógico para a Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA) e para o funcionamento do maior bloco comercial do mundo", frisou.


'África Conectada'


"Todos estes elementos são essenciais para a concretização da Agenda 2063 da União Africana, que prevê uma África integrada e conectada até 2063", acrescentou, referindo-se ao plano de desenvolvimento de 50 anos da organização.


Gana junta-se assim a Ruanda, Seicheles, Gâmbia e Benim na oferta de entrada sem visto para viajantes africanos.


Crise económica


Apesar das conquistas, Gana, um país da África Ocidental rico em petróleo e ouro, enfrenta uma das suas piores crises económicas das últimas décadas desde 2022 e encontra-se atualmente sob um programa de assistência de 3 mil milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional.


O presidente cessante entrega o poder a John Mahama, vencedor das eleições de dezembro.


Fonte: AFP / TV VOZ DO POVO 

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