Juventude contesta programa de voluntariado do Estado: “Merecemos emprego digno, não falsas promessas”



Foi recentemente anunciado um programa governamental de formação para 65 jovens com formação académica média ou superior, dos quais apenas 50 seriam selecionados para desempenhar funções como voluntários em diferentes ministérios do país. A promessa é de que, futuramente, alguns possam ser recrutados em caso de necessidade.


Segundo a explicação oficial, a medida pretende também contribuir para o combate ao consumo de drogas entre jovens. No entanto, críticos consideram que este argumento não resiste a uma análise séria, sublinhando que o problema das drogas é estrutural e social, exigindo políticas de prevenção, educação de qualidade, emprego digno, desporto, cultura e oportunidades reais de inserção.


O professor Aldair Monteiro, jovem académico guineense, publicou uma reflexão em que considera a iniciativa uma forma de exploração institucional. “Colocar jovens com formação académica média ou superior como voluntários em ministérios não combate as drogas; pelo contrário, aumenta a frustração e a vulnerabilidade de uma geração que precisa de esperança e soluções concretas”, defende.


Monteiro sublinha ainda a importância de distinguir conceitos: o voluntariado deve ser um ato livre e associado a causas sociais; o estágio é uma etapa prática, geralmente remunerada e de curta duração; já o emprego implica vínculo laboral com salário, direitos e estabilidade.


Para o professor, ao transformar jovens qualificados em voluntários no Estado, o Governo está a “converter mão-de-obra qualificada em trabalho gratuito, sem direitos e sem garantias”, o que cria falsas esperanças de emprego futuro e desvaloriza anos de esforço académico.


Numa mensagem dirigida ao Secretário de Estado da Juventude, Lesmes Mutna Monteiro, Aldair Monteiro apela a uma mudança de rumo: “É hora de valorizar a juventude com oportunidades reais e sustentáveis: estágios remunerados, concursos públicos transparentes e programas de primeiro emprego que dignifiquem os jovens guineenses.”


Como exemplo alternativo, o académico destaca políticas de Cabo Verde, onde o Governo criou um mecanismo para apoiar estudantes do ensino superior no pagamento de propinas, disponibilizando ainda habitação acessível e reforço de bolsas. Esta abordagem, afirma, demonstra como políticas estruturadas podem reduzir desigualdades e promover a inclusão social.


Monteiro conclui afirmando que a juventude guineense “merece mais do que promessas” e exige “emprego digno, justo e com futuro”.







Por: Prof: Aldair Monteiro

Comentários