Movimentações políticas a intensificarem-se a dois meses das eleições gerais
A apenas dois meses das eleições gerais, o xadrez político guineense está em plena reconfiguração, com candidaturas oficiais e mudanças inesperadas de alianças.
O Chefe de Estado, General Umaro Sissoco Embaló, formalizou nesta segunda-feira, 22 de setembro, a sua candidatura às presidenciais de 23 de novembro, através da Direção Nacional da sua campanha para a reeleição.
O Mandatário da candidatura, Marciano Silva Barbeiro, destacou que, sob o lema “Sim é possível”, Embaló parte confiante para o escrutínio, sustentando que “as realizações feitas em cinco anos ultrapassam o trabalho de 50 anos após a independência”.
No mesmo dia, a coligação API – Cabas Garandi, ainda em processo de legalização, anunciou o nome de Fernando Dias como candidato às presidenciais. Membro fundador da API e alto dirigente do PRS, Dias conta com o apoio de alguns colegas renovadores que decidiram baricar contra o Presidente Embaló que ajudaram em 2019/2020.
Durante o encontro, a coligação API confirmou ainda Baciro Djá como cabeça de lista para as legislativas. O líder da FREPASNA é atual Presidente em exercício da API-CABAS GARANDI.
A decisão, porém, gerou divisões internas. O líder da APU-PDGB e ex-primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, terceiro mais votado nas presidenciais de 2019, anunciou a sua saída da API-Cabas Garandi. Nabiam, que chefiou o Governo durante quase quatro anos sob indicação do Presidente Embaló – o mandato mais longo desde a abertura política dos anos 1990.
Também o ex-Presidente da República, José Mário Vaz (JOMAV), oficializou a sua saída da API-Cabas Garandi. Em paralelo, apresentou outra carta de renúncia ao MADEM-G15, partido onde detinha o estatuto de Presidente Honorário.
Enquanto isso, no PAIGC, o líder Domingos Simões Pereira (DSP) foi confirmado candidato às presidenciais com 97% de apoio do Comité Central. De regresso a Bissau após nove meses em Lisboa por alegadas razões de segurança, DSP afirmou estar pronto para “enfrentar” o próximo desafio eleitoral.
Ele recordou ter vencido as últimas legislativas e assumido a presidência da Assembleia Nacional Popular (ANP), mas viu o Parlamento dissolvido meses depois, acusado de corrupção e tentativa de golpe de Estado.
O líder do PAIGC carrega ainda o peso das polémicas operações financeiras do seu anterior Governo, nomeadamente o “Resgate aos Bancos” (34 mil milhões de FCFA) e o pagamento de 6 mil milhões de FCFA a empresários, sem aval parlamentar nem apoio dos credores.
Internamente, DSP enfrenta tensões dentro do partido, mas deixou claro na sua declaração pública de aceitação da candidatura que tem apenas um adversário direto: Umaro Sissoco Embaló.
O Presidente, por sua vez, reconciliado com o MADEM-G15 e, Braima Camará, agora nomeado Primeiro-Ministro, aposta na organização das eleições de 23 de novembro como passo decisivo para consolidar a sua governação.
As próximas semanas prometem ser decisivas na definição do rumo político da Guiné-Bissau, num ambiente de mobilização política e expectativa popular.
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